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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

As vantagens de ser… Extraordinário

Não julgue um livro menino pela capa cara. A mensagem na contra-capa de Extraordinário, lançado este ano pela editora Intrínseca,  já mostra a que a obra veio. Quantas vezes não fui julgado pela primeira impressão que tiveram de mim? Pior: quantas vezes não julguei alguém só na primeira olhada? (Enxugo as lágrimas, recupero o fôlego, esse vai ser um post difícil).
A história de August, um garoto que nasceu com o rosto completamente deformado devido a uma síndrome genética, mexeu muito comigo. Auggie, o apelido do protagonista, vive totalmente protegido, com sua família compreensiva e estudando em casa. Até que, no quinto ano, seus pais decidem que é hora de ele enfrentar o mundo lá fora e estudar numa escola como outra criança qualquer.
Putz, como eu não queria ter entrado no túnel do tempo. Mas acompanhar o primeiro ano de August na escola trouxe de volta as piores sensações que já senti na vida. E olha que passei por cada perrengue. (Pra você ter uma ideia: sua idade multiplicada por dois = anos de vida do Thiago) De repente, começou a passar na minha cabeça o único filme de terror que tenho na prateleira de casa: Os Piores Anos da Sua Vida Escolar, estrelando Thiago Theodoro, com participação de Logan Lerman. (Ai, me deixa viver, ok?)
Enquanto lia, sozinho no meu quarto (putz, forcei a barra no drama, hein?), me via na escola com August. Ele na dele e eu, na minha. A dificuldade que ele tem de saber quem gosta dele mesmo, a sensação de estar sendo olhado e comentado o tempo todo, a vontade de ser invisível só para não correr o risco de ser julgado pelas pessoas. Tudo aquilo que eu tinha sentido e que, às vezes, ainda sinto. Sim, é duro ser diferente, ainda mais para o nosso personagem. Ele foi obrigado a entender muito cedo o quão complicado é estar fora dos padrões. O que ele não sabia, bom, é que o mundo está cheio de gente do bem…
(Momento de tensão: como continuar a falar de um livro maravilhoso sem entregar spoilers). A grande sacada de Extraordinário não é mostrar como se sofre na escola, como é difícil não ser igual aos outros, nada disso. Tudo isso eu já sabia e talvez você também saiba (Opa, high fivedos losers aqui!) O trunfo do livro é nos fazer acreditar que vale a pena vencer a primeira impressão e tentar conhecer as pessoas mais a fundo. Que vale a pena sair do isolamento, correr o risco de ser magoado ou nunca entendido. Afinal, o risco de conhecer gente incrível e vivenciar experiências inesquecíveis é o mesmo. Pode ser ruim, mas pode ser bom. Muito bom.
É o que August vai descobrir durante a sua jornada. Ele vai sofrer muito, mas fazer um amigo chamado Jack. Vai ser protegido e desafiado pela linda Summer. Ah, como eu queria ter tido uma Summer na minha vida! (Gente, será que tive? Atenção, minha Summer, favor entrar em contato, passei o ginásio todo focado em como era difícil viver)  Aliás, isso é uma coisa de que gostei no livro: os narradores vão mudando. Auggie, a irmã, os amigos, todo mundo conta um pouco da história. Bem legal pra entender que, às vezes, quem se sente superdiferente acaba se tornando até um pouco egoísta e não percebe que muitas pessoas ao seu redor, que te amam e que você ama, também têm problemas. Pra mim, essa é uma das grandes reflexões do livro. (Talvez pra você seja outra. Essa é a graça)
No fim, depois de te fazer chorar e rir por horas e horas (no meu caso, duas noites), o livro traz uma surpresa superdelicada. Calma, não vou entregar nada, mas vou destacar um trecho desse finalzinho que, pra mim, virou lema de vida, como tantas outras frases que a gente descobre lendo por aí. Bom, lá vai… (Olha, não vale só roubar a frase e não ler o livro todo!)
O que é belo é bom, e o que é bom em breve será belo.

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